Depoimento: Quase uma década de webdesign.

Olá caros leitores, o post de hoje é uma reflexão em meus quase 10 anos de trabalho com web, vou levar vocês em uma jornada de volta a 2005 ano que comecei a trabalhar com WebDesign por dinheiro.

Prelúdio

Minha história começa em 2005, na época ainda com meus 16 anos, estudava o 1º ano do Ensino médio e trabalhava como monitor de informática em minha escola, mas não foi esse o emprego que me iniciou como webdesigner para valer, mas sim o CSS e a sua falta de adoção pelos navegadores.

Vale lembrar na época tínhamos dois grandes navegadores, o Internet Explorer 6 que era um grande update do Internet Explorer 5 e um grande navegador quando foi lançado e o Firefox na versão 1.0 que eu ainda não conhecia (só vim a conhece-lo em sua versão 1.5 no inicio de 2006).

Quando era um jovem aficionado por computadores fiz alguns cursos de web design entre 2004 e 2005 em escolas técnicas da época e aprendi o HTML4 (Sem CSS) e o Fireworks, na época todos os que ensinavam web design ensinavam você a montar layouts com tabelas, você desenhava algo no Macromedia Fireworks ou no Photoshop, ou optava por fazer sites 100% em flash, o que era moda na época, mas me atormentava em complexibilidade.

Conhecendo o CSS

Navegando na internet fazendo os meus sites eu descobri o CSS da forma mais bonita que você podia descobrir na época, pelo CSS Zen Garden que na época era referência em Design.

O que fazia esse site destoar dos outros era sua proposta, ele começou em uma época que o CSS 2.1 estava sendo revisado pela W3C e que ninguém o usava para Layouts, as escolas técnicas da época como as que eu fiz cursos não ensinavam por não terem professores com conhecimento sobre CSS.

Nesta época Dave Shea criou o CSS Zen Garden para desafiar designers a usarem o CSS para fazer layout. Em seu site ele disponibilizava dois arquivos, sendo um HTML que você não deveria modificar e um CSS, você como web designer deveria então alterando apenas o CSS mudar a aparência do site.

Quando eu acessei pela primeira vez o site já haviam mais de 100 layouts diferentes para o mesmo site, onde tudo o que mudava era o CSS e as imagens informadas no CSS.

Eu tinha que aprender essa magia negra, eu tinha e com isso me pus a estudar CSS, eu estudava porque era algo que eu gostava e não porque achasse que era algo que iria me dar dinheiro.

Na época você tinha cerca de 4 sites aos quais você como um brasileiro poderia buscar este tipo de conhecimento sendo eles o Maujor.com do Mauricio Samy Silva que era um evangelista de CSS da época, o MX Masters, o Tableless e por fim o polemico W3Schools que oferecia boa base para qualquer um que quisesse aprender Web.

O Site do Maujor era o mais popular, nele você encontrava soluções para problemas como margin dupla que havia no IE, esquemas para bordas arredondadas (o que hoje você faz no CSS3 na época eram necessários de 4 a 5 elementos e 4 imagens de cantos arredondados) entre outros truques.

O Tableless era um site dedicado a causa antes de seus fundadores abrirem a Visie que era uma empresa de cursos web. Após a abertura da Visie o site se tornou um outdoor para cursos web, divulgando menos conteúdo sobre tableless e me fez perder o interesse no site Tableless.

O W3Schools era um site simples com um playground, pode se dizer que ele é o predecessor do CodeAcademy, TeamTreehouse e CodeSchool, infelizmente, ele tinha um lado monetário no qual oferecia por uma quantia certificados que não tem valor para determinados negócios e informações que nem sempre são realidade, como atacou o site W3Fools em 2011.

O MXMasters na época era focado em todo o Pacote Macromedia (que depois foi adquirido pela Adobe), com dicas sobre flash, fireworks e dreamweaver.

Naquele tempo subir sites era uma brisa, com o advento dos discadores gratuitos e dos diversos portais de conteúdo apareceram centenas de provedores de hospedagem gratúitos como o Kit.Net, onde hospedei meus primeiros sites.

Em 2005/2006 já estava começando a mexer com o CSS e ficava atormentando meus colegas e amigos para pararem de usar tabelas, mal sabia eu que ainda havia muito que eu não sabia sobre o CSS, e olhando os meus trabalhos daquela época noto que embora o meu CSS não fosse dos melhores já consigo ver que gostava de fazer aquilo.

Voltando meus olhos para aquela época me lembro como era um escravo do DreamWeaver, graças ao conhecimento de HTML, CSS e a editores como o Textmate consegui me livrar destas correntes.

CSS virou uma paixão para mim, desde meu inicio na profissão até o momento deste post eu já li mais de 20 livros dedicados apenas ao CSS, e ainda tenho vontade de ler muitos mais.

Sobrinho

Com meus cursinhos técnicos e com minha aplicação para aprender web e CSS eu virei um sobrinho, para quem não está acostumado, a expressão sobrinho veio de um fenômeno comum da profissão de Web Designer que eu descobriria anos mais tarde.

Quando oferecemos um site para um cliente que não ve valor nisso normalmente recebemos a resposta “Meu sobrinho faz mais barato” e dai vem a expressão sobrinho.

Voltando a história, minha professora de história (nenhum trocadilho premeditado) tinha uma irmã que por sua vez vendia cestas de café da manhã pela internet e que por sua vez precisava de alguém para atualizar seu site a um preço mais barato, ai onde eu entrei, a um valor de 50 reais por mês eu atualizava o site trocando fotos, adicionando produtos e atualizando preços duas vezes ao mês, um trabalho que me ocupava por no máximo 4 a 5 horas no mês.

Nesses tipos de trabalho eu comecei a ver bons designs por dentro, claro que infelizmente eles eram feitos de tabelas, mas a aparência era profissional, normalmente sites que eram feitos por agências e abandonados na mão de clientes, mas isso não me atrapalhou, pelo contrário, me ajudou. Tentei reproduzir cada um deles usando CSS no lugar das malditas tabelas e consegui vários deles isso me ajudou muito no entendimento que tenho de CSS hoje.

Universidade e trabalho, tornando sonho realidade.

Ao sair do ensino médio em 2007 entrei em uma universidade, e adivinhem para que curso? Para web design, um curso universitário reconhecido pelo MEC (e que estava morrendo em minha universidade, sendo a minha a penultima turma a ter o curso).

Acreditei que fazendo o curso me tornaria um grande web designer, e de fato o curso me ajudou muito, fiz amigos e tive grandes professores, mas como muitos de vocês que já fizeram universidade o que faz você bom ou não é você e o quanto você se empenha, eu me empenhei muito.

Graças a universidade consegui entender o Photoshop e me livrar das garras do Fireworks, não me entendam mal, o Fireworks era um grande software, mas para os layouts que eu queria fazer ele não era dos mais fáceis de usar, e o Photoshop era (ainda é) graficamente muito mais poderoso.

A universidade também me ajudou a conseguir meu primeiro trabalho “formal” em uma agência de publicidade e propaganda, embora não com carteira assinada eu trabalhava 8 horas por dia de segunda a sexta.

O trabalho com os estudos foi a melhor coisa que poderia ter acontecido com a minha carreira (tirando as poucas horas de sono que me sobraram), graças a isso eu podia praticar o que aprendia com livros e na universidade com clientes de verdade que davam opiniões e nunca aprovavam de primeira os meus layouts.

Na época conseguia ter um pé em cada pedaço do que era ser um web designer, conseguia fazer sites em flash, manipular fotos e elaborar layouts no photoshop e passar os sites para HTML e CSS.

Comecei a aprender PHP quando este ainda estava na versão 4.0 com o livro “PHP e MySQL Desenvolvimento Web” 2ª edição de Welling Thomson (até hoje um dos livros mais caros que já comprei, beirando os 300 reais) para conseguir fazer um sistema de pesquisa de satisfação para o site do Rotary Club de São José dos Campos.

O meu CSS e HTML melhoraram muito nesta época e com as 8 horas de prática diária consegui fixar o que estava aprendendo.

Nessa mesma época comecei a advogar a favor dos webstandards, levantando campanhas contra meus colegas que faziam sites em flash e tentando sempre colocar um pouco de HTML e CSS na cabeça deles.

Não me entendam mal, eu não era ruim no Flash, de fato conhecia bem o AS2.0 e 3.0, bem o suficiente para fazer sites inteiros e jogos, contudo a minha experiência mostrou que mesmo fazendo sites e jogos.

A dependência do flash player e a falta de flexibilidade dos sites não era algo saudável e por este motivo me afastei do flash como web designer, e gerei muitas discussões com meu amigo Henrique Oliveira que é desenvolvedor Flash e com o Marlon Ribeiro que na época adorava o flash por sua liberdade criativa.

Voltando para a Universidade.

Quando estava acabando o meu curso na universidade já não trabalhava mais na agência, ela havia fechado, pois seu dono havia se mudado de estado (viu não fui eu que levei a empresa a falência), foi nesse período que aprendi a ser um freelancer.

Fiquei 3 meses como freelancer fulltime desenvolvendo pequenos sistemas Web para controle de comércios, empresas e jornais quando soube pelo meu amigo Marlon Ribeiro que havia uma vaga para programadores PHP na universidade onde estava estudando.

Fiz as entrevistas e o processo seletivo e no mês da minha formatura já estava trabalhando como programador de ambiente virtual de aprendizagem.

Carreira como programador

É engraçado que tudo isto tenha começado do meu desejo de fazer coisas bonitas na web e tenha acabado que na maior parte do tempo o meu trabalho não é visual.

Hoje boa parte do meu trabalho consiste em programação, principalmente Javascript, SQL (para banco de dados) e PHP, trabalho em uma equipe multidisciplinar e comecei a ver que com a força da equipe conseguimos fazer grandes coisas.

Embora esteja com quase uma década de web ainda tenho muito pela frente, meu nome é Rafael Nascimento Sampaio, e no momento em que escrevo isto tenho apenas 24 anos.

Se você também tem uma história para compartilhar use o formulário de comentários abaixo e deixe sua história ou um link para o site onde ela se encontra.

2 Comments

Rafael,
Sua dedicação e competência são marcas do seu sucesso, você realmente é um ponto fora da curva e além de ser muito bom se desenvolveu exponencialmente. Tenho orgulho de ter te entrevistado para entrar na Braz Cubas

Obrigado Diniz,
A braz cubas é um grande marco na minha vida, me ajudou a crescer muito, obrigado pela oportunidade.

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